domingo, 24 de abril de 2011

História do Teatro

2ª Atividade História do Teatro



Perguntas:

1. Segundo o autor, quais foram os motivos que levaram a Igreja Católica a estimular atividades teatrais no interior de seus templos?
2. Faça uma paráfrase, isto é, descreva com suas próprias palavras, o que o autor comenta no terceiro parágrafo do texto.
3. Faça uma nova paráfrase, agora sobre o sexto parágrafo.
4. Segundo o autor, o teatro do Renascimento foi ou não influenciado pelo teatro religioso medieval? Justifique sua resposta.
5. O autor nos fala, ao longo do texto, sobre uma série de temas discutidos pelos espetáculos medievais. Cite alguns destes temas.
6. Quais foram suas principais dificuldades na leitura do texto?
7. Você estabeleceu alguma relação entre o texto que acaba de ler e seus conhecimentos sobre cultura, arte e teatro?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Contos - Expressão Corporal e Vocal

Texto de Expressão Corporal e Vocal - Contos
Como disse a Fabíola por e-mail, o segundo conto não conta!



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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Texto de Literatura Dramática

Bom dia galera

LinkPara quem não recebeu o texto do nosso amigo mazza, ai vai ele

Abs a todos

Richard.
____________________________________________

WOYZECK
(UM FRAGMENTO)

PERSONAGENS:

Woyzeck
Marie
Capitão
Médico
Tamboreíro‑mor
Andres
Margret
Dono da loja
Charlatão de Feira
Velho do Realejo
Judeu
Hospedeiro
Primeiro aprendiz de trabalhos manuais
Segundo aprendiz de trabalhos manuais
Bufão
Avó
Käthe
Policial
Soldados, Estudantes, Rapazes e Moças, Crianças, Povo e
outros

ATO I

QUARTO

(O Capitão sentado sôbre uma cadeira; Woyzeck faz‑lhe a barba. )

CAPITÃO— Calma, Woyzeck, calma; uma coisa depois da outra! Mas êle me deixa tonto! E o que vou fazer dos dez minutos que êle ganhou, acabando cedo demais? Woyzeck, pense: você só tem seus trinta lindos anos de vida, trinta anos! São trezentos e sessenta meses... e dias, e horas, e minutos! E o que vai fazer com todo êsse tempo? Convém planificar, Woyzeck!

WOYZECK—Sim, senhor Capitão!

CAPITÃO—Temo pelo mundo, quando penso na eternidade. O trabalho, Woyzeck, o trabalho! Eterno, êle que e eterno, êle que é eterno. . Você é capaz de ver isso? No entanto' logo deixa de ser eterno' num instante, é, num instante, Woyzeck. Tenho pavor quando penso que o mundo faz uma volta num dia! Que perda de tempo! Para onde isso nos leva? Já não posso ver a roda de um moinho, Woyzeck, sem ficar melancólico.

WOYZECK — Sim, senhor Capitão.

CAPITÃO— Você está sempre tão apressado' Woyzeck! (um homem de bem não fica assim, um homem de bem, com a consciência tranqüila. Mas diga alguma coisa, Woyzeck! Como está o tempo?

WOYZECK— Mau, senhor Capitão, mau. Muito vento. CAPITÃO—Já estou sentindo; é como se alguma coisa corresse lá fora. Êsse vento age sôbre mim como um rato. (Manhoso.) Acho que vem na direção sul‑norte.

WOYZECK— Isso mesmo, senhor Capitão.

CAPITÃO—Ha, ha, ha! Sul‑norte! Ha, ha, ha! Oh, como êle é bôbo, como é lastimàvelmente bôbo! ( Comovido. ) Woyzeck é um bom homem . . . Mas ( Com dignidade. ) Woyzeck não tem moral. Moral é quando a gente tem moralidade, entende? É uma bela palavra. Tem um filho sem a bênção da Igreja, como diria nosso reverendíssimo capelão. Sem a bênção da Igreja, e não é meu.

WOYZECK —‑ Senhor Capitão, o bom Deus não deixará de cuidar do pobre vermezinho, só porque não disseram "amém" antes de ser feito. O Senhor disse: Vinde a mim as criancinhas !

CAPITÃO—O que é que êle está dizendo? Que resposta mais curiosa c esta? A resposta me deixa todo confuso. E quando digo êle, refiro‑me a você, a você…

WOYZECK— Nós, os pobres... Sabe, senhor Capitão, o dinheiro, o dinheiro! Quem não tem dinheiro. As vêzes, um de nós coloca um dos nossos diante da moralidade do mundo. Também temos carne e sangue. Pois não somos mesmo desgraçados, neste mundo e no outro'' Acho que, se chegássemos ao céu, teríamos de ajudar a fazer os trovões.

CAPITÃO—Woyzeck, você não tem virtudes, você não é virtuoso. Carne e sangue! Quando estou à janela, depois da chuva, c vejo as meias brancas passando, pulando através das vielas.. Diabo, Woyzeck, o que me dá é amor Eu também tenho carne e sangue. Mas Woyzeck, há a virtude, a virtude! E como eu deveria passar o tempo? Digo sempre a mim mesmo: você é um homem virtuoso (Comovido.), um homem bom. um homem bom.

WOYZECK — Sim, senhor Capitão, a virtude. Eu não tenho. Sabe, nós, a gentinha, nós não ternos virtude, nós só seguimos a natureza. No entanto, se eu fôsse um senhor. se eu tivesse um chapéu, um relógio e uma bengala, e sé soubesse falar bem, então seria virtuoso, senhor Capitão. Mas eu sou um pobre coitado.

CAPITÃO — Está bem, Woyzeck. Você é um homem bom, um homem bom. Mas pensa demais, isso dói. Você esta sempre tão apressado. Essa conversa esgotou‑me inteiramente. Agora vá embora c não corra tanto; devagar, desça a rua bem devagar!


CAMPO ABERTO. A CIDADE À DISTANCIA.

(Woyzeck e Andres calhem varas nos arbustos. )

ANDRES (Assovia. )

WOYZECK—É, Andres, êsse lugar é maldito. Está vendo aquela faixa desbastada, acima do capim, ali onde crescem os cogumelos? É ali que as cabeças rolam, de noite. Um dia, um sujeito quis pegar, pensando que era ouriço: ficou três dias e três noites deitado na serragem. (Baixo.) Andres, foram os maçons, já sei, foram os maçons. Silêncio,

ANDRES (Canta.)—Lá estavam dois coelhos.
comendo o verde, verde capim…

WOYZECK — Silêncio! Está ouvindo, Andres, está ouvindo? E alguém andando!

ANDRES— Comendo o verde, verde capim, Ate nas suas raízes.

WOYZECK—Andando atrás de mim, debaixo de mim. . . (Bate os pés no chão.) Ouça, está ôco. Tudo ôco, lá embaixo São os maçons!

ANDRES—Tenho medo.

WOYZECK—Que silêncio esquisito! É de parar a respiração. Andres!

ANDRES—O que é?

WOYZECK— Diga alguma coisa! (Olha os arredores fixamente. ) Andres! Como está claro! Há um clarão por sôbre a cidade, Um fogo anda pelo céu do qual desce um estrondo de trombetas. Está se armando unia tempestade! Vamos embora! Não olhe para trás! (Puxa‑o para dentro das moitas. )

ANDRES (Após uma pausa.) —Está ouvindo, Woyzeck?

WOYZECK — Silêncio, tudo está silencioso como se o mundo estivesse morto.

ANDRES — Está ouvindo'' Estão tocando os tambores. Temos de ir embora!


A CIDADE

( Marie ( com sua criança, à janela. ) Margret. Passa a banda militar, tendo à frente o Tamboreiro‑mor. )

MARIE (Ninando a criança nos braços.) Eh, menininho! Sa‑ra‑ra‑ra! Está ouvindo? Ai vêm êles!

MARGRET — Que homem! Parece uma árvore!

MARIE — Firme nos pés como um leão.

(O Tamboreiro‑mor faz uma saudação. )

MARGRET — Ora, que olhos mais alegres, senhora vi­zinha! De costume não são assim.

MARIE (Canta.)—Os soldados são belos rapazes

MARGRET—Os seus olhos estão brilhando. . .

MARIE—E daí? Leve os seus ao judeu para que limpe; talvez ainda brilhem bastante para que possam ser trocados por dois botões.

MARGRET—O quê? O quê? Madame Virgem! Sou u'a mulher honesta, mas a senhora, a senhora conhece sete calças e pelo lado avêsso!

MARIE—Bandida! (Fecha a janela.) Venha, meu filho. O que essa gente pensa! Mesmo que você seja apenas um pobre filho de prostituta, sua cara desonesta alegra sua mãe! Sa! ! ( Canta. )

Menina, que vais fazer agora?
Tens menininho e não tens marido!
E para que estar perguntando?
Vou cantar a noite inteira.
Aja, popaia, meu filho, viva!
Mesmo que ninguém nada me de.
Joãozinho desatrela os seis cavalos.
Dá‑lhes de comer outra vez!
Êles não comem aveia,
Eles não bebem água,
Querem é vinho fresquinho, viva!
Querem é vinho fresquinho.

(Batem à janela.)

MARIE — Quem é? É você, Franz? Entre!

WOYZECK—Não posso. Está na hora da chamada.

MARIE—Colheu as varas do Capitão?

WOYZECK—Colhi, Marie.

MARIE—O que é que você tem, Franz? Parece transtornado.

WOYZECK (Misterioso. ) Marie, aconteceu de nôvo muito…Não está escrito: E eis que a fumaça ergueu‑se da terra, como a fumaça do fogão?

MARIA—Gente!

WOYZECK—Ficou andando atrás de mim, até o limite da cidade. O que será que vai acontecer?

MARlE — Franz!

WOYZECK—Tenho de ir embora. Hoje à noite, lá na feira! Já juntei algum dinheiro. (Sai.)


NO MÉDICO

( Woyzeck. O Médico. )

MÉDICO—O que foi que eu vi, Woyzeck? Um homem de bem! Você! Você! Você!

WOYZECK—O que foi, senhor Doutor?

MÉDICO—Eu vi, Woyzeck. Mijando nu rua, no muro, como um cachorro. . . Ainda assim, ganhando três patacas por dia, e as refeições! Woyzeck, isto é mau. O mundo está ficando mau, muito mau.

WOYZECK — Mas, senhor Doutor, quando a natureza exige. . .

MÉDICO—A natureza exige, a natureza exige! Superstição, superstição medonha! A natureza! Pois eu não demonstrei que o musculus constrictor versicae está subordinado à vontade? A natureza! Woyzeck, o homem é livre, no homem se revela o individualismo da liberdade. Não ser capaz de conter a bexiga! É mentira, Woyzeck! (Sacode a cabeça, põe as mãos às costas e caminha de um lado para outro. ) Já comeu suas ervilhas, Woyzeck? Só ervilhas, cruciferae, lembre se disso! Na próxima semana começaremos com a carne de carneiro! Vai haver uma revolução na ciência, vou fazer com que exploda pelos ares. 0,10 de urina amônia amaro‑salgada, hiperoxídulo .. Não quer mijar de nôvo, Wovzeck? Vá lá dentro tentar!

WOYZECK—Não posso, senhor Doutor.

MÉDICO— (afetado.) —No muro. pode! O acôrdo escrito está nas minhas mãos! Eu vi, eu vi com êsses olhos. . . Eu acabara de por o nariz para fora da janela, deixando que os raios de sol penetrassem nas narinas. para observar os espirros. Apanhou sapos para mim? Um cadáver? Nenhum polipo de água doce? Nenhuma hidra? Ventosas? Cristalóides? Não vá esbarrar no microscópio que acabo de colocar o dentão molar de um infusório nêle. Vou fazer com que exploda nos ares e com ela todo mundo. Nenhum ôvo de aranha, Woyzeck? Ovos de sapo'? No entanto, mijou no muro. Eu vi. (Dá‑lhe um pontapé. ) Não, Woyzeck, não estou irritado: a irritação faz mal à saúde, é anti‑científica. Estou calmo, muito calmo, meu pulso bate as 60 pulsações normais e eu lhe estou falando com o maior sangue frio. Deus nos guarde de nos irritarmos com os homens, os homens! Mesmo que fôssem Proteus matando a gente! Mas, Woyzeck, você não deveria ter mijado no muro . . .

WOYZECK—Sabe, senhor Doutor, às vêzes a gente tem um caráter assim, uma estrutura assim. Mas, com a natureza é outra coisa, sabe? Com a natureza (Estala os dedos.) acontece como é que se diz?. .. por exemplo. . .

MÉDICO— Woyzeck está filosofando novamente.

WOYZECK ( Confidencial ) Senhor Doutor, o senhor já viu essa coisa de dupla natureza? Quando o sol está no meio‑dia e parece que o mundo vai se desfazer em fogo. uma voz terrível já conversou comigo!

MÉDICO—Woyzeck tem uma aberratio.

WOYZECK Pois é, senhor doutor, a natureza; quando a natureza apaga.

MEDICO— E o que é isso: quando a natureza apaga?

WOYZECK—Quando a natureza apaga é quando a natureza apaga. Quando o mundo fica tão escuro que a gente tem que tatear com as mãos, que a gente pensa que a natureza se desfaz como uma teia de aranha. É quando uma coisa é e também não é; quando tudo está escuro e só resta um brilho avermelhado no oeste, como uma forja. Quando (Caminha de um lado para o outro da sala.)...

MÉDICO—Gente! Êle tateia o chão como se tivesse pés de aranha.

WOYZECK (Põe o dedo sôbre o nariz.)—Os cogumelos, senhor doutor, é aí, é aí que está. O senhor já viu as figuras que os cogumelos fazem, quando crescem? Se a gente pudesse ler!

MÉDICO—Woyzeck está com a mais linda aberratio mentalis partialis, da segunda categoria, muito bem desenvolvida. Woyzeck vai ganhar um aumento! Da segunda categoria: idéia fixa em condições geralmente razoáveis. E você ainda faz seu serviço de sempre? Barbeia o Capitão?

WOYZECK—Sim, senhor.

MEDICO—Come ervilhas?

WOYZECK—Sempre, senhor Doutor. E minha mulher arranja o dinheiro das despesas.

MÉDICO—Faz sua obrigação?

WOYZECK—Sim, senhor.

MÉDICO — Um caso interessante. Está com uma bela idéia fixa! Ainda vai parar no hospício! O Woyzeck vai ganhar aumento, se se comportar direito! Mostre o pulso! É...

WOYZECK—O que devo fazer?

MÉDICO — Comer ervilhas, depois carne de carneiro. Limpar o fuzil! Vai ganhar uma pataca de aumento esta semana. Minha teorias minha nova teoria .


TENDAS. LUZES. POVO

(0 Velho canta e a Criança dança ao som do realejo.)

VELHO—No mundo não há consistência, Todos nós vamos morrer. E sabemos disso muito bem.

WOYZECK—Ei, upa! Pobre homem; pobre velho! Pobre criança, criança nova! Preocupações e festas!

MARIE—Homem, se os loucos têm razão então nós mesmos somos loucos. Mundo engraçado! Mundo bonito!

(Os dois seguem até onde está 0 Charlatão de Feira.)

CHARLATÃO (Diante de uma tenda, com sua mulher vestindo calças e um macaco fantasiado. ) — Meus senhores, meus senhores! Vede a criatura como Deus a fêz: nada, nada mesmo. Vêde agora a arte: anda em pé, usa calças e jaqueta, tem uma espada! O macaco é soldado; ainda não é muito, o mais baixo degrau da espécie humana. Êpa! Faça uma vênia! Isso... Agora um barão. Dê um beijo ( Toca trombeta. ) O paleta é musical. Meus senhores, podereis ver aqui o cavalo astronômico e os passarinhos canalhas. Favoritos das cabeças coroadas da Europa. Revelam tudo aos homens: a idade, os filhos, as doenças. Começam as apresentações! Logo logo o começo do começo.

WOYZECK—Quer ver?

MARIE—Por mim... Deve ser bonito. Quantas lantejoulas êle tem! E a mulher, usa calças!

(Os dois entram na tenda.)

TAMBOREIRO‑MOR—Pare! Você a viu? Que mulher!

SUB‑OFICIAL—Diabo! Feita para reproduzir regimentos de couraceiros!

TAMBOREIRO‑MOR —E para entrar na criação do Tamboreiro‑mor.

SUB‑OFICIAL—Como traz a cabeça levantada! E os ca­belos pretos! Da gente pensar que a puxam para baixo, como um peso. E os olhos.

TAMBOREIRO‑MOR—É como olhar dentro de um poço ou de uma chaminé. Depressa, vamos atrás.


O INTERIOR DA TENDA MUITO ILUMINADA

MARIE —Que luz!

WOYZECK—Pois é, Marie, gatos negros de olhos como brasas. Que noite!

O DONO DA TENDA ( Desfilando com um cavalo. )—Mostre seu talento! Mostre sua sabedoria animalesca! Envergonhe a sociedade humana! Meus senhores, êste animal que estais vendo, o rabo pendente, sôbre as quatro patas, é sócio de uma entidade de sábios, é professor de nossa universidade c com êle os estudantes aprendem a cavalgar e a chicotear. Isto foi simples instinto. F, agora, pense, com dupla razão! O que você faz, quando pensa com dupla razão? Há um burro entre os sábios da associação? (O cavalo sacode a cabeça.) Estão vendo a dupla razão, agora? Isto é a animalsionômica. Êle não é um indivíduo bôbo como um animal. É uma pessoa, um ser humano, um ser humano animalesco . e ainda assim um bicho, e uma besta. ( O cavalo comporta‑se mal. ) É isso, envergonhe a sociedade. Estão vendo, o bicho ainda é natureza, natureza não‑ideal! Você foi feito de pó, areia, sujeira. Quer ser mais do que pó, areia, sujeira? Olhem como é ajuizado: sabe contar e ainda assim não pode contar nos dedos. Por que ? Só não sabe exprimir, não sabe explicar . . . é um ser humano transmudado! Diga ao senhores que horas são! Qual dos senhores, ou das senhoras. tem um relógio, um relógio?

SUB‑OFICIAL—Um relógio? (Com um gesto grandiloqüente e estudado puxa um relógio do bôlso.) Aqui está!

MARIE — Quero ver isso. (Passa para a primeira fila, ajudada pelo Sub‑oficial.)

TAMBOREIRO‑MOR—Que mulher!


QUARTO DE MARIE

(Marie. O Tamboreiro‑mor.)

TAMBOREIRO‑MOR — Marie!

MARIE (Olhando‑o, expressiva.) — Dê uma volta! Um peito de boi e uma barba de leão. Não tem ninguém igual. Sou a mais orgulhosa das mulheres.

TAMBOREIRO‑MOR—Devia me ver no domingo, com a pluma no chapéu e as luvas brancas, que diabo! "Êsse sujeito é um homem", é o que o Príncipe sempre diz.

MARIE (Zombeteira.) —Não diga! (Aproxima‑se dele.) Homem!

TAMBOREIRO‑MOR — E você também é u'a mulher! Que diabo, vamos começar uma criação de tamboreiros‑mor? Hein? (Abraça‑a. )

MARIE (Aborrecida.) —Me deixe.

TAMBOREIRO‑MOR—Fera selvagem!

MARIE (Violenta.) —Se você me tocar...

TAMBOREIRO‑MOR—É o demônio que olha em seus olhos ?

MARIE —Pode ser. É tudo a mesma coisa.


PÁTIO NA CASA DO MÉDICO

(Estudantes e Woyzeck estão embaixo, o Médico olha da janela do sótão.)

MÉDICO — Meus senhores, estou no teto, como Davi quando viu Betsabá; mas só vejo as calcinhas da pensão das meninas, secando no jardim. Meus senhores, chegamos à importante questão sôbre a relação entre o sujeito e o objeto. Se tomarmos apenas um objeto, no qual se manifesta, de um alto ponto de vista, a auto‑afirmação orgânica do divino e examinarmos sua relação com o espaço, com a terra, com o planetário, meus senhores, se jogo êste gato pela janela: como se comportará esta existência com relação ao centrum gravitationis, tendo em vista seu próprio instinto? Êi, Woyzeck (grita.), Woyzeck!

WOYZECK (Apanha o gato. ) — Doutor, êle está mordendo.

MÉDICO — Vejam, segura o animal tão suavemente! Como se fôsse sua avó. (Desce.)

WOYZECK—Doutor, estou com tremedeira.

MÉDICO— (Muito contente.) Ora, ora, que bom, Woyzeck (Esfrega as mãos. Segura o gato.) O que estou vendo, meus senhores? Um nôvo espécime, um piolho de coelho, um belo espécie (Puxa uma lente, o gato foge correndo.) Meus senhores, êsse bicho não tem instinto científico... Em seu lugar poderão ver outra coisa. Vejam! Êsse homem só come ervilhas, há três meses. Notem o resultado, apalpem: que pulso irregular! O pulso e os olhos!

WOYZECK— Senhor Doutor, estou vendo tudo escuro! (Senta‑se. )

MÉDICO—Coragem, Woyzeck! Mais uns dias c acabou. Tomem‑lhe o pulso, meus senhores. tomem‑lhe o pulso!
(Apalpam‑lhe a fronte, o pulso, o peito.) Por falar nisso, Woyzeck, mexa com as orelhas para que os senhores vejam! Há muito que desejo lhes mostrar: tem dois músculos que funcionam. Vamos, agora.

WOYZECK— Ora, senhor Doutor!

MÉDICO — Animal, quer que eu lhe puxe as orelhas! Quer agir igual ao gato? Olhem, meus senhores, esta é a metamorfose do burro; frequentemente também é a conseqüencia de uma educação feminina e do modo de falar das mães. Quantos cabelos sua mãe já lhe arrancou, delicadamente, como lembrança? Há alguns dias êles estão tão ralos! Pois é, as ervilhas, meus senhores!



QUARTO DE MARIE


MARIE—(Sentada, a criança no colo, um caco de espelho na mão.) — O outro mandou e êle teve de ir embora! (Olha‑se no espelho. ) Como as pedras brilham! O que são? O que foi que êle disse? Durma, menino! Feche os olhos, feche bem! (A criança esconde os olhos com as mãos.) Mais ainda! Fique assim, quietinho, senão êle virá buscá‑lo! ( Canta: )

Menina, fecha a loja,
que o cigano vem te buscar.
Segurando tua mão êle vai
Levar‑te à terra cigana.

(Torna a olhar‑se no espelho.) É ouro, com certeza. Será que me assentará bem, no baile? Gente como eu só tem um cantinho no mundo e um pedacinho de espelho. E ainda assim tenho a bôca tão vermelha quanto as grandes madames, com seus espelhos de corpo inteiro e seus homens bonitos, que lhes beijam as mãos. Sou só uma pobre mulherzinha. ( A criança soergue‑se. ) Silêncio menino, feche os olhos! Lá vem o anjinho do sono! Como corre pela parede! ( Lança reflexos com o espelho. ) Feche os olhos, senão êle vai olhar dentro dêles e cegá‑lo!

(Woyzeck entra, atrás dela. Ela se assusta, pondo as mãos nas orelhas. )

WOYZECK — O que é que você tem ?

MARIE — Nada.

WOYZECK—Há um brilho sob seus dedos.

MARIE—É um brinco que eu achei.

WOYZECK — Eu nunca encontrei coisa igual; quanto mais os dois!

MARIE —‑ E eu sou lá você?

WOYZECK—Está bem, Marie. O menino, está dormindo! Segure o bracinho que a cadeira está apertando. Tem gôtas claras na testa. Só há trabalho sob o sol: suar até mesmo dormindo. Coitados de nós, os pobres' Aí está mais dinheiro, Marie: o ordenado c uma gorjeta de meu Capitão!

MARIE—Deus lhe pague, Franz.

WOYZECK — Tenho de ir embora. Até à noite, Marie! Adeus!

MARIE (Sozinha, depois de uma pausa.) —Eu sou mesmo ruim! Seria capaz de me matar. Ora. que mundo! Que vá tudo para o inferno, os homens e as mulheres!


RUA

( O Capitão. O Médico. Arquejando, O Capitão desce a rua depois pára; arqueja, volta‑se para trás.

CAPITÃO—Onde vai tão depressa, prezado senhor Prego de Caixão?

MÉDICO—Onde vai tão devagar, prezado senhor Rabo de Ordem Unida.

CAPITÃO— Tome tempo, prezado senhor Pedra de Sepultura.

MÉDICO—Não roubo o tempo, como o senhor, meu caro.

CAPITÃO — Senhor Doutor, não corra assim!.. Não reme assim no ar, com sua bengala! Assim o senhor está se apressando para a morte. Um homem de bem, de consciência tranqüila, não corre assim. Um homem de bem (Aspira o ar sôfregamente)... SenhorDoutor, permita que eu salve a vida de um homem. (Segura o Médico pelo casaco. )

MÉDICO—Estou com pressa, senhor Capitão, estou com pressa!

CAPITÃO—Senhor Prego de Caixão, assim o senhor vai gastar as suas perninhas no calçamento. Pare de cavalgar 0 casaco assim no ar.

MÉDICO ‑— Em quatro semanas ela vai morrer. A pobre mulher: um collaps congestaticus no sétimo mês. Já tive vinte pacientes iguais. Em quatro semanas, ela pode estar certa disso.

CAPITÃO—Senhor Doutor, eu sou tão melancólico, tenho as minhas paixões. Sempre choro quando vejo meu casaco pendurado na parede.

MÉDICO—Hum! Inchado, gordo, pescoço grosso, constituição apoplética. É, senhor Capitão, o senhor poderá ser vítima de uma apoplexia cerebri. Mas pode ser que ela só o pegue de um lado, no qual o senhor ficará paralítico. Mas pode acontecer também, na melhor das hipóteses, que fique paralítico mentalmente, e que sua vida continue apenas vegetativa. Mais ou menos essas são as suas perpectivas para as quatro próximas semanas! Aliás, posso garantir‑lhe que o senhor se tornará um dos casos mais interessantes e, se Deus quiser, sua língua ficará parcialmente paralisada, o que nos permitirá fazer experiências imorredouras.

CAPITÃO — Senhor Médico, não me assuste! Há gente que já morreu de susto, de poro espanto sómente. Já estou vendo os homens, com limões nas mãos. E vão dizer: Mas êle era um bom sujeito, um bom sujeito! Que diabo, Prego de Caixão.

MÉDICO (Segura o chapéu diante dêle.) — O que é isto, senhor Capitão? Um crânio ôco, senhor Rabo de Ordem Unida'?

CAPITÃO (Franze a testa.) — O que é isto, senhor Doutor? É uma ingenuidade, caríssimo senhor Prego de Caixão! Hé, hé, hé! Mas nada desejo de mal. Sou um homem bom. Mas também sou capaz de ser mau, quando quero, senhor Doutor. Hé, hé, hé! Quando quero. . (Entra Woyzeck e quer passar correndo. ) Êi, Woyzeck— Que pressa de passar pela gente! Venha cá, Woyzeck? Correndo como uma navalha aberta pelo mundo! Seria capaz de cortar a gente. Correndo como se tivesse de raspar o pêlo dos castrados no quartel e como se fôsse enforcado antes de raspar o último pêlo. Mas, além das longas barbas, o que é que eu queria dizer? Woyzeck, as longas barbas.. .

MÉDICO — Já Plínio dizia ser necessário eliminar as longas barbas que nascem sob o queixo dos soldados.

CAPITÃO (Continua) — Ah, e falando das longas barbas . .! Como c. Woyzeck, já encontrou um fio de barba no seu prato? Hé, hé, hé, está compreendendo o que digo, não está? Um fio de barba de um homem. da barba de um sapador, de um sub‑oficial, de um. . . tamboreiro‑mor? Hein, Woyzeck? Tem mulher bem comportada. Não é como os outros.

WOYZECK — Sim, senhor! O que está querendo dizer, senhor Capitão?

CAPITÃO—Mas que cara você está fazendo!... Talvez a barba não esteja na sopa, mas se alguém correr e virar a esquina depressa, talvez possa encontrá‑la nos lábios. Nos lábios, Woyzeck. . . Eu também já senti o amor, Woyzeck. Gente, êle está branco como cal!

WOYZECK —Senhor Capitão, sou um pobre diabo.. e nada mais tenho no mundo. Senhor Capitão, se o senhor começa a zombaria.

CAPITÃO—Zombaria? Eu ? Zombar de você, homem?

MÉDICO — O pulso, Woyzeck, o pulso! Rápido, duro, pulando, irregular.

WOYZECK — Senhor Capitão, o mundo é branco como o inferno estou gelado, gelado. . Aposto como o inferno é gelado. lmpossível, gente, gente, impossível!

CAPITÃO — Você quer . . Você quer levar duas balas na cabeça ? Está me apunhalando com seus olhos e eu só lhe desejo o bem. Porque Woyzeck? é um bom homem, um homem bom.

MÉDICO— Os músculos do rosto rígidos. tesos, às vêzes saltando. O comportamento é tenso, excitado.

WOYZECK—Vou embora. É possível. Os homens! E muito possível. O tempo está bom, senhor Capitão. Está vendo um céu tão bonito, tempo firme, cinzento. E de se ter vontade de martelar um gancho dentro dele, para a gente se enforcar. Só por causa do tracinho existente entre o sim e outra vez o sim e o não. Senhor Capitão, sim e não! O não é o culpado do sim, ou o sim o do não? Preciso pensar nisso. (Com passos largos. primeiro lentos e depois rápidos. afasta‑se. )

MÉDICO (Apressa‑se atrás dêle.)—Um fenômeno! Woyzeck , um aumento!

CAPITÃO— Êsse homem me deixa tonto. Que rapidez! Êsse patife alto corre depressa como a sombra fugindo das pernas de uma aranha e o baixinho coxeia atrás dêle. O alto é o raio e o pequeno o trovão. Ha, ha. .. Grotesco! Grotesco! Sempre atrás. Não gosto disso: um homem de bem é cuidadoso e ama sua vida. Um homem de bem não tem coragem. Os patifes é que têm coragem! Eu só fui à guerra para reforçar o meu amor pela vida. (Sai.)


QUARTO DE MARIE

(Marie. Woyzeck.)

MARIE — Bom dia, Franz.

WOYZECK (Contemplando‑a.) —Ah, é você, ainda? É, realmente! Não. a gente não vê nada.

MARIE —Você está tão esquisito, Franz. Tenho mêdo.

WOYZECK (Olha‑a fixamente e balança a cabeça. )—Hum! Não vejo nada, não vejo nada. Oh, a gente deveria poder ver, deveria poder agarrar com as mãos.

MARIE—(Intimidade.) O que é que você tem, Franz? Está com fúria mental!

WOYZECK — Que bela rua. Da gente andar até ficar com calos! É bom ficar na rua. E bom, também, estar com os outros.

MARIE — Com os outros?

WOYZECK—Muita gente passa na rua, não é? E você fala com quem quer, não tenho nada com isso! Êle estava lá? Lá? Lá? E junto a você? Assim? Eu gostaria de ter sido êle.

MARIE— Êle? Não posso impedir que as pessoas andem na rua e que falem enquanto andam.

WOYZECK—Nem deixar os lábios em casa. Seria pena, êles são tão bonitos. Mas as vespas gostam de pousar em cima.

MARIE—E que vespa foi que o picou? Você está louco que nem uma vaca enxotando os moscardos.

WOYZECK — Um pecado, tão gordos e tão cheios…Fedem tanto que seria possível expulsar os anjinhos do céu com seu cheiro. Sua bôca é vermelha, Marie. Nenhuma bôlha. Como é, Marie? Você é bela corno o pecado. Como o pecado mortal pode ser assim tão belo ?

MARIE—‑ Franz, você está com febre.

WOYZECK — Demônio! Ele estava aqui, assim. assim?

MARIE—Enquanto o dia fôr longo e o mundo antigo as pessoas poderão estar nalgum lugar, um depois do outro.

WOYZECK—Eu o vi!

MARIE —A gente pode ver muito se tem dois olhos, se não é cega e se o sol está brilhando.

WOYZECK—Mulher! (Precipita‑se sôbre ela.)

MARIE— Não encoste em mim Franz. Prefiro ver um punhal no seu corpo do que sua mão no meu. Quando eu tinha dez anos meu pai não ousava tocar‑me se eu olhasse para êle.

WOYZECK —Mulher! Não, é alguma coisa que você tem! Todo mundo é um abismo: se olhamos para baixo, ficamos tontos Que seja assim. E ela age como a inocência. Está bem, inocência, você se mostra. Será que sei ? Será que sei ? Quem sabe ? (Sai. )


CORPO DE GUARDA

(Woyzeck. Andres.)

ANDRES (Canta.) ‑ ‑ A hospedeira tem ótima criada Que canta no jardim dia e noite, Sentada no jardim ..


WOYZECK— Andres!

ANDRES — O que é'?

WOYZECK—Belo tempo.

ANDRES — Tempo de domingo.. Música na cidade. Primeiro as mulheres saíram: os homens atrás, é isso!

WOYZECK (Intranqüilo) —Dance, Andres, dance.

ANDRES—Na taverna do Cavalo e das Estrelas.

WOYZECK—Dance, dance!

ANDRES—Vá lá.

Sentada no jardim
Até o relógio tocar as doze,
Vigiando os solda‑ados.

WOYZECK — Andres, não tenho paz.

ANDRES—Tolo!

WOYZECK—Tenho de sair. Minha cabeça está girando. Dance, dance! Estará com as mãos quentes! Diabo Andres!

ANDRES — O que você quer?

WOYZECK — Tenho de ir, tenho de ver.

ANDRES — Homem intranqüilo! Por causa do sujeito?

WOYZECK— Tenho de sair. Aqui está tão quente.


HOSPEDARIA

( As janelas abertas. Dança. Bancos diante da casa. Rapazes. )

1.° .APRENDIZ DE TRABALHOS MANUAIS—Visto uma camisinha que não é minha Minh'alma fede a aguardente. . .

2.º APRENDIZ — Meu irmão, quer que eu lhe faça um buraco só por amizade? Para diante! Quero fazer‑lhe um buraco! Eu também sou homem, voe sabe. Vou matar tôdas as pulgas que êle carrega no corpo.

1.° APRENDIZ — Minh'alma, minh'alma fede a aguardente! Até mesmo o dinheiro está apodrecendo! Oh, miosótis, como é belo o mundo. Vou encher um pote de lágrimas de saudade! Queria que nossos narizes fôssem duas garrafas que pudéssemos despejar um na garganta do outro.

ANDRES (No côro. ) — Um caçador do Paladino Aqui nos verdes campos. A caça é minha alegria. Cavalgava pela verde mata.
Halli, hallo, ha, a alegre caçada

( Woyzeck aparece à janela. Marie e o Tamboreiro‑mor passam por ele dançando, sem notálo. )

WOYZECK — Êle! Ela! Demônios!

MARIE (Ao passar dançando)— Mais, mais…

WOYZECK— ( Sufocando. ) Mais…mais…( Soergue‑se brusco e depois relaxa o corpo no banco) Mais, mais! (Bate as mãos uma na outra.) Rodem, girem! Por que Deus não apaga o sol com um sôpro, para que tudo gire na desordem, homem, mulher, sêres humanos e animais! Em plena luz do dia, nas nossas próprias mãos, como os mosquitos! Mulher! A mulher é quente, quente! Mais, mais! (Ergue‑se num salto.) Como êle a agarra, o sujeito, como segura seu corpo! Êle... êle a possui... como eu, no começo.( Atordoado torna a encolher‑se. )

1.o APRENDIZ (Fazendo uma prédica sôbre a mesa.) — No entanto, um viajor que esteja apoiado no fluxo do tempo, que também responda a si mesmo com a sabedoria divina, dizendo: Por que o homem é'! Por que o homem é? Mas, em verdade vos digo, de que viveriam o camponês, o pintor, o sapateiro, o médico, se Deus não houvesse criado o homem ? Do que viveria o alfaiate se Ele não houvesse dado aos homens o sentimento da vergonha, e o soldado, se êle não o houvesse munido da necessidade de se matar? Por isso, não duvideis. . E verdade, é verdade, há a amabilidade, há a finura, mas tudo que é terreno é desgraçado e ate mesmo o dinheiro apodrece. E para terminarmos. meus caros irmãos, mijemos sôbre a cruz, para que morra um judeu!

( Ao som da algazarra generalizada, Woyzeck acorda e sai correndo.)


CAMPO ABERTO

WOYZECK — Mais! Mais! Silêncio, música. (Estira‑se no chão. ) Hein ? O que estão dizendo? Mais alto! Mais alto! Apunhale, apunhale a loba! Apunhale, apunhale a... lôba! Será que devo? Devo'' Estou ouvindo bem, estou ouvindo o vento? Estou ouvindo sempre e sempre: apunhale, apunhale!


HOSPEDARIA

( Tamboreiro‑mor Woyzeck. Gente. )

TAMBOREIRO‑MOR—Sou homem! (Bate no peito.)Estou dizendo que sou um homem. Quem vai querer alguma coisa? Que venha para diante de mim, quem não fôr uma deidade bêbeda. Bato‑lhe ate enfiar o seu nariz no cu. Vou. . . ( A Woyzeck) Vamos, homem, beba! Queria que o mundo fôsse aguardente, aguardente . O homem deve beber!

WOYZECK ( Assovia. )

TAMBOREIRO‑MOR —Homem, quer que lhe arranque a língua da garganta e a enrole no seu corpo? (Lutam. Woyzeck perde. ) Quer que eu ainda lhe deixe o fôlego de uma velhota, quer?

WOYZECK (Senta‑se, esgotado e trêmulo, sobre um banco.)

TAMBOREIRO‑MOR—Que êle assovie até estourar! Aguardente é a minha vida, Aguardente dá coragem!

UMA—O homem é forte.

ANDRES — Está sangrando.

WOYZECK — Uma coisa depois da outra.


UM QUARTO NA CASERNA

(Noite. Andres e Woyzeck numa cama.)

WOYZECK (Sacode Andres) — Andres! Andres! Não consigo dormir! Quando fecho os olhos, tudo fica rodando. Fico ouvindo violinos, tocando, tocando. E depois uma voz fala da parede. Você não ouve?

ANDRES— É... deixe que êles dancem! Estamos cansados, Deus nos proteja. Amém.

WOYZECK— E ela diz: apunhale, apunhale! Passa por entre meus olhos como um punhal...

ANDRES—Durma, seu tolo!.. (Torna a adormecer.)

WOYZECK — Andres!...


PÁTIO DA CASERNA

WOYZECK —‑ Você não ouviu nada?

ANDRES—Ainda está lá, com os companheiros.

WOYZECK — Ele disse alguma coisa?

ANDRES — Como é que você sabe? Como é que vou dizer? Bem, êle riu e depois disse: Que mulher gostosa! Como suas coxas são quentes, e todo o resto!

WOYZECK (Gelado.) —Então êle disse isso? O que foi mesmo que sonhei hoje? Não foi com um punhal? Que sonhos mais malucos a gente tem!

ANDRES—Para onde agora, companheiro?

WOYZECK — Buscar vinho para meu oficial. No entanto, Andres, ela era u'a menina muito especial.

ANDRES — Quem ?

WOYZECK—Nada. Adeus. (Sai.)


QUARTO DE MARIE

MARIE ( Folheando a Bíblia. ) — "E a mentira não foi inventada de sua bôca". . . Meu Deus, meu Deus! Não olhe para mim! (Continua folheando.) "Mas os fariseus trouxeram u'a mulher diante dêle, culpada de adultério, colocando‑a entre êles... Mas Jesus disse: A ti também não amaldiçôo. Parte c não torna a pecar!" (Junta as mãos.) Meu Deus! Meu Deus! eu não consigo!... Meu Deus, dai‑me paz bastante para que eu possa rezar. ( A criança aconchega‑se a ela. ) O menino me dá uma pontada no coração. Karl! Ele se empina no sol!

BUFÃO (Deitado, conta histórias segurando os dedos.)— E êle tem a coroa dourada, o senhor rei. . Amanhã vou buscar a criança para a senhora rainha O chouriço disse ao patê: venha cá. (Segura U criança e cala.)

MARIE—O Franz não veio. Não veio ontem, nem hoje. Como está ficando quente! (Abre a janela. ) "E entrou, prostrando‑se a seus pés, chorando, e começou a molhar seus pos com as lágrimas e a enxugá‑los com os cabelos de sua cabeça, e beijou seus pés e cobriu‑os com unção..." (Bate /20 perto. ) Tudo morto! Meu Salvador! Meu Salvador! Quero untar os teus pés! ..


BELCHIOR

(Woyzeck. O Judeu.)

WOYZECK —A pistolinha é cara demais.

JUDEU—Como é, vai ou não vai comprar?

WOYZECK—Quanto custa o punhal?

JUDEU—Está afiadinho. Quer cortar o pescoço? Então. O que é? Eu vendo tão barato quanto os outros. O senhor terá morte barata, mesmo que não seja gratuita. E então? Vai ter u'a morte econômica.
WOYZECK—Corta bem mais que pão

JUDEU—Dois vinténs.

WOYZECK—Aqui! ( Sai.)

JUDEU—Aqui! Como se não fôsse nada! E, no entanto, é dinheiro... Cachorro!


CASERNA

(Andres. Woyzeck remexe suas coisas. )

WOYZECK — A camiseta não é do uniforme, Andres. Você pode usar. Esta cruz é de minha irmã, e êste anelzinho Também tenho um santinho, dois Sagrados Corações e u'a medalhinha... Estavam na Bíblia de minha mãe, e tem escrito: Senhor! Deixa ser sempre meu coração Como foi teu corpo, vermelho e ferido. A única coisa que minha mãe ainda sente é o sol brilhando sôbre suas mãos... Não tem importância.

ANDRES (Estarrecido, a tudo responde:)—É sim

WOYZECK (Puxa um papel.)—Friedrich Johann Franz Woyzeck, miliciano, fuzileiro do 2.° Regimento, 2.° Batalhão, 4.a Companhia, nascido a 20 de julho. Dia da Anunciação de Maria... Hoje completo 30 anos, 7 meses e 12 dias.

ANDRES— Franz, vão levá‑lo ao hospital. É preciso que você beba aguardente com pólvora. Isso matará a febre .

WOYZECK—E, Andres, quando o carpinteiro junta a serragem, jamais alguém sabe quem é que vai deitar sua cabeça nela.


R U A

(Marie com a Menina diante da porta da casa, Avó; mais tarde Woyzeck.)

MENINA — O sol brilhava na festa das candeias
O trigo estava florescendo.
De dois a dois êles desciam
Ao longo da campina.
Os violinistas atrás deles.
Calçavam meias vermelhas...

PRIMEIRA CRIANÇA —Não é bonito.

SEGUNDA CRIANÇA—Você sempre quer outra coisa.

PRIMEIRA CRIANÇA —Marie, caule você.

MARIE —Não posso.

PRIMEIRA CRIANÇA —Por quê?

MARIE—Por isso.

SEGUNDA CRIANÇA —Por que, por isso?

TERCEIRA CRIANÇA —‑ \/ovó, conte uma história!

AVÓ — Venham, meus caranguejozinhos! Era uma vez um menino pobre, que não tinha pai, nem mãe. Tudo estava morto e não havia ninguém mais no mundo. Tudo morto. E o menino andou, procurando dia e noite. E já que não havia ninguém mais no mundo, quis ir para o céu, onde a lua olhava com tanta simpatia. E quando chegou na lua, viu que era um pedaço de madeira podre. E então foi para o sol, e quando chegou no sol, viu que era um girassol murcho. E quando chegou nas estrelas, viu que eram mariposas douradas, estavam espetadas, como se espetam os vagalumes nas árvores. E quando quis voltar para a terra, a terra era um porto destruído. E o menino estava sozinho. Então se sentou e chorou, e até hoje ainda está sentado, sozinho.

WOYZECK— Marie!

MARIE — (Amedrontada) O que é?

WOYZECK — Vamos indo. Já é hora. MARIE—Para onde?

WOYZECK— E eu sei?


CAMINHO NA FLORESTA, JUNTO AO RIACHO

(Marie e Woyzeck.)

MARIE — Ali, ao longe, fica a cidade. Está escuro.

WOYZECK— Fique um pouco mais. Venha, sente‑se.

MARIE — Mas eu tenho de ir.

WOYZECK—Não precisa ferir os pos de tanto andar.

MARIE— Como você está esquisito!

WOYZECK—Ainda sabe há quanto tempo foi, Marie?

MARIE—Faz dois anos, no dia de Pentecostes.

WOYZECK— E sabe quanto tempo ainda vai ser?

MARIE—Tenho de ir embora, fazer o jantar.

WOYZECK—Está com frio, Marie? E ainda assim" você é quente. Como seus lábios são quentes! Quentes . . . A respiração quente das putas! E mesmo assim eu daria o céu para beijá‑los novamente. Quando estamos gelados, não temos mais frio. Você não vai sentir o frio do orvalho da manhã.

MARlE —O que é que você está dizendo?

WOYZECK — Nada. (Silêncio. )

MARIE—Como a lua nasce vermelha!

WOYZECK —Como uma lâmina ensangüentada.

MARIE — O que é que você quer fazer ? Você está tão pálido, Franz. ( Ele brande o punhal. ) Pare. Franz! Pelo amor de Deus! Socorro! Socorro!

WOYZECK (Apunhala. ) — Tome isto, e isto! Não sabe morrer? Assim! E assim! Ah, ela ainda estremece. . Ainda não, ainda não ? Mais ainda. (Apunhala mais uma vez.) Você está morta? Morta! Morta! (Deixa cair o punhal.)


QUARTO DE MARIE

( Karl, o idiota. A Criança. Woyzeck. )

KARL ( Segurando a Criança no colo, diante de si.)—Êle caiu na água, êle caiu na água, ora. êle caiu na água.

WOYZECK —‑ Menino! Christian!

KARL (Olha‑o fixamente.) ‑ ‑ Êle caiu na água.

WOYZECK (Quer acariciar a Criança, esta se vira e grita.)—Meus Deus!

KARL—Êle caiu na água.

WOYZECK — Christianinho, vou lhe dar um enxadão, sa, sa. ( E Criança se defende; a Karl.) Aí, compre um enxadão para o menino.

KARL— (Olha‑o fixamente.)

WOYZECK—Upa, Upa, cavalinho!

KARL (Exultante.) — Upa, Upa, cavalinho! Cavalinho!

(Sai correndo com o menino.)



HOSPEDARIA

WOYZECK — Dancem todos, dancem sempre, suem e fedam um dia êle virá buscá‑los todos. ( Canta. )

Oh, filha, minha filha,
Que foi que você pensou
Quando ficou assim prêsa
Aos cocheiros e carreteiros.

(Dança.) Vamos, Käthe, sente‑se! Sinto calor, calor. (Tira o casaco ) É assim que acontece: o demônio busca uma e deixa a outra correr. Käthe você é quente! E por quê? Käthe você também vai gelar. Tenha juízo! Você não sabe cantar?

KÄTHE —­Não quero ir para a Suábia.

Não quero usar saia comprida,
Saia comprida, sapato de ponta,
São para a tua empregada.

WOYZECK— Não, nada de sapatos. Também poderemos ir para o inferno sem sapatos.

KÄTHE ‑—Que feio, amor, que indelicado. Guarda teu dinheiro, durmo sòzinha.

WOYZECK—É isso mesmo, não quero ensangüentar‑me.

KÄTHE—Mas o que é que você tem em sua mão?

WOYZECK—Eu? Eu ?

KÄTHE —Vermelho! Sangue! (As pessoas rodeiam‑na.)

WOYZECK—Sangue? Sangue?

HOSPEDEIRO — Oh... Sangue!

WOYZECK—Acho que me cortei, aqui, na mão direita.

HOSPEDEIRO—Por que então o sangue está no cotovêlo

WOYZECK—Eu limpei.

HOSPEDEIRO — Com a mão direita no cotovelo direito? Você é muito hábil.

BUFÃO—E então o Gigante disse: Estou cheirando, estou cheirando carne de gente. Chi, está fedendo!

WOYZECK — Que diabo, o que é que vocês querem ? Que é que têm com isso'' Deixem‑me passar, senão... Diabo! Acham que matei alguém? Sou um assassino? Por que e que estão rindo? Por que não olham para si mesmos? Deixem‑me passar! (Sai correndo.)


CAMINHO NA FLORESTA JUNTO AO RIACHO

( Woyzeck. (só. ) )

WOYZECK—O punhal'' Onde está o punhal? Deixei aqui. Vai denunciar‑me! Foi mais perto, mais perto ainda! Que lugar é êste'! O que estou ouvindo? Algo se move. Silêncio. Aqui perto. Marie? Ha, Marie! Silêncio. Tudo silencioso. Por que está tão pálida, Marie? Que fita vermelha é esta, passada pelo seu pescoço? Quem lhe deu a fita com os seus pecados? Êles a deixaram negra, negra. Eu a embranqueci? Por que teus cabelos prêtos estão assim desarrumados ? Não teceu as tuas tranças, hoje ? Há alguma coisa aqui! Fria, molhada, silenciosa! Vamos embora daqui! O punhal, o punhal! Já achei! Pois então .. (Corre até a água.) Pois então, para o fundo! (Joga o punhal no riacho.) Mergulha na água escura, como uma pedra. A lua parece uma lamina sangrenta ! Será que todo mundo vai comentar ? Não, está longe demais longe do lugar onde tomam banho. (Entra no riacho e atira o punhal longe.) Está bem agora... Mas, e no verão, quando mergulham à procura de conchas?... Ora, vai enferrujar, ninguém poderá reconhecer... Eu devia ter quebrado!.. . Será que I ainda estou ensangüentado? Tenho de lavar‑me. U'a mancha I aqui, e aqui outra. (Entra na água.)

( Chegam pessoas. )

PRIMEIRA PESSOA —Parem!

SEGUNDA PESSOA Está ouvindo? Silêncio! Ali!

PRIMEIRA—Uuuh! Ali! Que som!

SEGUNDA — E a água que está chamando: há muito ninguém afoga. Vamos embora. Não faz bem ouvir a água.

PRIMEIRA—Uuuh! De nôvo, agora! Como um homem morrendo.

SEGUNDA— É apavorante! Tão opaco, nevoeiro cinza em tôda parte e o zumbido dos besouros, como se fôssem sinos partidos. Vamos embora!

PRIMEIRO — Não! O som é claro demais, alto demais! Lá em cima! Vamos!


R U A

( Crianças. )

PRIMEIRA CRIANÇA—Vamos embora, para onde está

SEGUNDA CRIANÇA — O que houve?

PRIMEIRA CRIANÇA — Você não sabe? Todos já foram para lá. Ela está lá fora.

SEGUNDA CRIANÇA—Onde?

PRlMEIRA CRIANÇA Do lado esquerdo, além do Carvalho, no bosque, junto à cruz vermelha.

SEGUNDA CRIANÇA—Vamos depressa, para que ainda possamos ver alguma coisa! Senão êles vão trazê‑la para dentro.


NA FLORESTA, JUNTO AO RIACHO

(Bedel. Médico, Juiz.)

POLICIAL— Um bom assassinato, um legítimo assassinato , um belo assassinato. Tão belo quanto era de se desejar. Há muito não tivemos assassinato assim

sábado, 2 de abril de 2011

ata da setima aula de expressão corporal e vocal

São Paulo, 22 de fevereiro de 2011.
Ata da sétima aula de expressão corporal e vocal, com os professores Daniela Rocha Rosa e Rodrigo Spina.
Já eram dezenove horas e cinqüenta e poucos minutos quando entrei na sala e como se diz por ai sempre tem a primeira vez; primeira aula de expressão, ATRASADO.
Já tinha me trocado e estava preparado para assistir a aula, mas... Lembrei-me da professora Daniela, no primeiro dia de aula dizendo; “quando chegarem atrasados e virem os colegas em algum exercício; aguardem no canto e esperem a permissão para entrarem”, foi isso que eu fiz.
Os demais alunos se encontravam deitados no chão, em um exercício de aquecimento para despertar todas as partes do corpo. Junto dos movimentos vinham os comandos de Daniela para imaginarmos o nosso corpo pintando o chão, desde pés as axilas. Em movimentos diversificados, os alunos buscavam espaços e posições diferentes, conhecendo a si mesmo.
Bem, até ai, EU já tinha entrado nesta historia, lógico depois da permissão da professora.
Depois do brevê exercício e com todos na posição referencial, a professora pediu que fechássemos os olhos e sentíssemos qual parte de nosso corpo pedia que fosse acionada, movimentada e despertada, e em seguida cada um moveu a parte que lhe cobrava o despertar; minhas pernas me imploraram um pouquinho mais de atenção, afinal o dia todo de pé judiou muito delas.
Despertado e acordado, mas ainda de olhos fechados; ouvimos o comando seguinte da professora, onde não lembro muito bem as palavras, mas era assim “fiquem deitados de lado, curvados...” que nem um FETO, e que apoiássemos nossas mãos para levantarmos devagar, 1...2...3...já de olhos abertos e sentados no chão, Daniela nos questionou se tínhamos percebido o processo do nosso corpo ao se levantar, mas antes mesmo de respondermos ela pediu que fizéssemos de novo, 1...2...3...e assim com a RETROSPECTIVA, foi possível avaliarmos melhor esse processo.
Nosso corpo ao se levantar do chão (onde se encontrava deitado de lado) utiliza as mãos como suporte e meio de força, para impulsionar todo o resto, levantando primeiro o dorso; que acompanha o movimento junto a força das mãos, erguendo por ultimo nossa cabeça, a parte mais pesada desta nossa ferramenta (principalmente a minha).
Como todas as coisas precisam de tempo e de um processo para se realizarem, para se levantar do chão não é diferente e ainda sem causar nenhuma tensão em nosso corpo; é natural da nossa ferramenta seguir esse processo, primeiro o dorso e depois a cabeça ao se levantar, isso sem causar nenhum mal. Mas quando não respeitamos as etapas e levantamos rápidos demais ou de alguma maneira que sobrecarreguemos alguma parte, “AAAIIIII!!!!NM>VB!!!!...meu pescoço...”, temos a tendência de contrair e tencionar os músculos do nosso pescoço.
Onde uma “simples” tensão acarreta uma série de problemas; dores, variação na voz, falta de flexibilidade e até mudança no gênio da pessoa. Cuidar, relaxar e despertar outras partes do corpo também é preciso.
No exercício seguinte, todos em roda e com a professora Daniela ao centro, fizemos umas serie de movimentos para relaxar; primeiro o pescoço e seus próximos, onde massageando, pegando, apertando e ate puxando, foram tirando a tensão e digo de passagem, eu estava brisando sozinho ao relaxar e nem percebi direito a professora brincar com a PEGADA.
Ainda no mesmo exercício, a professora perguntou se havíamos lavado as mãos, cada um olhou para suas mãos tentando achar alguma sujeira e se perguntando o porquê daquele comentário.
O exercício de relaxamento do corpo também se estendeu para “dentro” de nossa boca, movimentos com as mãos massageando a parte interior e a parte externa da boca, com sincronia ou não (e pouquinho de dor também), foram excelente para o rosto como um todo, deixando os músculos mais leves e melhorando na articulação dos mesmos para a fala.
Continuando, não sei bem a ordem dos casos, afinal memória não é meu forte.
Mas sentamos para ler a ATA da aula anterior feita por Litcia, que se preocupou muito nesse mesmo dia; pois ninguém tinha se encarregado de fazê-la.
Foi uma leitura ótima de um belo texto, certas pessoas se destacaram muito bem e até foram elogiadas, só não gostei que não deu para EU ler, pois quando chegou minha vez, a Raquel engatou a primeira e não parou mais, nem a professora quis interrompe-la( mas lógico, sua leitura nos surpreendeu, parabéns...de novo Raquel!). Apesar das quatro paginas de ATA, fui envolvido e utilizo uma frase da professora para descrever a obra de Litcia, “uma apaixonada pelo que faz...”. Aplaudimos e alguns se emocionaram com a sensibilidade da nossa colega Litcia.
No exercício seguinte, houvesse a substituição: sai Dani e entra Spina para o segundo tempo da aula. Com todos ainda em roda, Rodrigo nos fez lembrar-se da respiração diafragmática e seus benefícios, onde muitos a esquecem; pois o exercício de voz da aula se basearia na respiração curta.
A respiração diafragmática ocorre da seguinte maneira; com os pulmões previamente esvaziados, movimentasse a barriga para diante e para trás sob a ação do diafragma (o músculo que separa o tórax do abdômen).
O exercício se desenvolveu em cima de dois tipos de respiração denominados pelo professor de respiração coxinha e sapo. A respiração do sapo se dá com os pulmões vazios e ao movimentar a boca abrindo-a e fechando, o ar já entra automaticamente forçando a respiração pelo diafragma; pra mim até ai tudo bem.
Já a respiração coxinha ocasiona o mesmo resultado, a respiração automática utilizando o músculo do diafragma; mas com o movimento de surpreso, segundo Rodrigo, aplicando uma respiração curto sem fechar a boca, importantíssima para o ator. O segredo compartilhado com vocês colegas de cursos, gosto muito de coxinha, mas acho que ela não gosta de mim, pois penei para conseguir entender o funcionamento dessa respiração; fiquei até de castigo no chão deitado tentando refazê-la e sem trancos no dorso, como Rodrigo tinha recomendado.
Enquanto isso os demais, mantiveram a respiração coxinha só que acompanhada em respiração de “S” e “F”(se não me engano, afinal é difícil se concentrar em duas coisas), depois passaram a reter o ar em quatro tempo, oito e assim por diante. Com o termino do exercício, abandonado no chão, segui para o próximo exercício que seria acompanhado pelo teclado.
No exercício seguinte a cada tom tocado pelo professor, os alunos acompanhavam com o “brraaaa!” vibrando junto os lábios, de inicio com três respirações curtas (as coxinhas).
 E assim continuou o exercício não lembro bem ao certo, mas foram divididos em homens e mulheres, mas ainda acompanhando as notas com o professor.
Durante esse exercício, um comentário do professor Rodrigo foi essencial para que eu conseguisse fazer o tal coxinha; “ao abrir a boca coloque o queixo para trás...” e foi isso que faltava para completar o meu movimento, que até ali estava errado. O sinal toca e todos saem para o intervalo, fiquei um pouco mais na sala para conversar com a Professora Daniela (parabenizando-a pelo espetáculo Boca de Ouro) e também para que o professor Rodrigo visse se eu tinha conseguido acertar o movimento coxinha. Sim... Eu consegui.
De volta do intervalo sentamos em roda para realizar o exercício seguinte, com o as frases em mão que foi dado aulas atrás para nós; iniciou-se uma leitura de textos que mais parecia travas línguas.
Um bom exercício  para dicção e reprodução da voz; onde foi muito bom ver nossos colegas acatarem as recomendações dos professores,” coloquem o ridículo para fora, sejam o oposto de você!”.
E assim foi aluno por aluno mostrando seu personagem para os demais, e nada mais justo que nossos colegas que faltaram e não puderam compartilhar do exercício, tenham um previa do que foi na semana passada.
PROPONHO UM JOGO ENTAO, dou a frase e digo a você pessoa que esta lendo, como deve fazer a leitura, certo? Então vamos lá e olhe lá se não fizer... Rodrigo!!! Pode apertar a campainha!
·         (feliz) Um atleta atravessa o Atlântico em busca da Atlântida que viu num atlas.

PROXIMO

·         (velho ranzinza) No quarto do Crato eu cato quatro cravos cravados no crânio da caveira do Craveiro.
E POR ULTIMO.
·         (perua escandalosa) Os quebros e requebros do samba quebram os quebrantes dos falsos santos.
Enfim muito engraçado o exercício, e assim se deu o exercício.
Espero que tenham gostado, obrigado a todos e também obrigado por ontem pessoal, abraço.Esta foi mais uma ata da AULA DE EXPRESSÃO CORPORAL E VOCAL, com os ótimos professores Dani e Rodrigo.

 




                                                                                                                                             Paulo Pedroso